Como membro da Rede de Cidades Criativas da UNESCO desde 2010, Chengdu estabeleceu-se não só como a casa da cozinha de Sichuan, mas também como uma cidade onde o património cultural e a inovação prosperam lado a lado. Falámos com Jiao Hui, o ponto focal de Chengdu para a UCCN, sobre a forma como a cidade define e desenvolve o turismo criativo.

Para nós, trata-se de uma participação cultural imersiva e prática: aulas de culinária com chefes de cozinha, workshops de artesanato em bambu ou excursões nocturnas de “cultura da panela quente” que misturam o sabor com a narração de histórias.

Jiao Hui, Ponto Focal, Chengdu, Cidade Gastronómica da UNESCO

P: Chengdu é muito conhecida pela sua cultura gastronómica. Como descreveria a sua identidade cultural e criativa global?

R: A identidade de Chengdu está enraizada em 4.500 anos de história como centro de lazer, inovação e gastronomia. É famosa pela cultura das casas de chá, pela ópera de Sichuan e, claro, pela nossa cozinha, classificada pela UNESCO. Mas a criatividade aqui vai para além da tradição – vê-se nas nossas bancas de comida de rua, nos distritos de design como o Tianfu Software Park e até na forma como partilhamos a cultura do panda com o mundo.

P: O que motivou Chengdu a aderir à Rede de Cidades Criativas da UNESCO?

R: Aderimos à rede em 2010 para ampliar o nosso património culinário e apoiar o desenvolvimento urbano sustentável. Fazer parte da rede permite-nos partilhar as melhores práticas, promover o turismo cultural e fomentar as economias criativas. Também apoia o nosso objetivo a longo prazo de nos tornarmos uma “Cidade Cultural de Fama Mundial”.

P: Que políticas ou iniciativas estão atualmente a apoiar o desenvolvimento criativo e cultural?

R: Há vários programas fundamentais. Um deles centra-se na proteção e promoção da cozinha de Sichuan, com esforços para documentar receitas tradicionais e formar chefes de cozinha. Também construímos zonas de indústria criativa – como o West Creative Valley e o Eastern Suburb Memory Park – que apoiam empresas em fase de arranque nos sectores do design, cinema e tecnologia. E integrámos o turismo temático do panda com a conservação e a narração de histórias criativas, especialmente na Base de Investigação do Panda Gigante.

P: Como é que Chengdu define o turismo criativo?
R: Para nós, é uma participação cultural imersiva e prática: aulas de culinária com chefes de cozinha, workshops de artesanato em bambu ou excursões nocturnas de “cultura da panela quente” que misturam o sabor com a narração de histórias.

P: Quais são alguns dos principais activos do turismo criativo da cidade?
R: Temos uma mistura rica. Instituições como o Museu da Cozinha de Sichuan e a Rua Antiga de Jinli desempenham um papel importante. Acolhemos grandes eventos como o Festival Internacional de Gastronomia de Chengdu e a Semana do Design Criativo. Também promovemos tradições como a cultura do mahjong e a mudança de rosto da ópera de Sichuan. E locais como o Beco de Kuanzhai – ruelas históricas revitalizadas de forma criativa – tornaram-se importantes espaços culturais.

P: Pode dar exemplos de projectos de turismo criativo bem sucedidos?

R: A campanha “Eat a Planet” é um bom exemplo. Trata-se de um projeto de redução de resíduos alimentares associado a visitas gastronómicas e foi elogiado por combinar a sustentabilidade com o turismo. Outro é o Programa Embaixadores do Panda, em que os turistas são voluntários em acções de conservação, criando ligações emocionais à cultura local. Estas iniciativas são eficazes porque oferecem um envolvimento local autêntico com um amplo apelo global.

P: Como é que mede o impacto destes esforços?

R: Analisamos indicadores como o crescimento das receitas do turismo gastronómico – após o nosso Festival da Alimentação, por exemplo, registámos um aumento de 30%. Também acompanhamos a satisfação dos turistas através de inquéritos e monitorizamos o impacto nas redes sociais, como o sucesso viral dos nossos vídeos do “desafio picante”.

P: Que desafios enfrentou Chengdu no desenvolvimento do turismo criativo?

R: O principal desafio é equilibrar a comercialização com a autenticidade cultural. Abordámos esta questão estabelecendo diretrizes claras nas zonas patrimoniais e apoiando os artesãos de base, assegurando que a cultura continua a ser orientada para a comunidade.

P: Quais são os benefícios que as comunidades locais têm visto do turismo criativo?

R: Do ponto de vista económico, as excursões gastronómicas apoiam os vendedores ambulantes e as casas de família. Além disso, os jovens estão a envolver-se em práticas tradicionais, como o cultivo de pimenta ou a culinária, ajudando a manter vivo o conhecimento local.

P: Como é que Chengdu está a utilizar as ferramentas digitais no turismo criativo?

R: Estamos a ver grandes resultados da inovação digital. Os restaurantes utilizam agora menus AR que permitem aos comensais explorar as histórias dos pratos através de códigos QR. Também introduzimos visitas virtuais ao panda, com sessões de alimentação transmitidas em direto que chegam a audiências online em todo o mundo.

P: Olhando para o futuro, quais são as prioridades de Chengdu para o turismo criativo?

R: Queremos continuar a expandir a nossa influência na gastronomia mundial através de plataformas digitais. Estamos também a planear desenvolver mais “aldeias criativas”, ligando os produtores de alimentos rurais ao turismo cultural urbano. E esperamos reforçar as parcerias com outras cidades criativas para uma colaboração intercultural.

P: Olhando para o futuro, quais são as prioridades de Chengdu para o turismo criativo?

R: Queremos continuar a expandir a nossa influência na gastronomia mundial através de plataformas digitais. Estamos também a planear desenvolver mais “aldeias criativas”, ligando os produtores de alimentos rurais ao turismo cultural urbano. E esperamos reforçar as parcerias com outras cidades criativas para uma colaboração intercultural.

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